Como identificar o momento certo para trocar o encordoamento

Mesmo com tantas informações na web, sempre que algum cliente procura os serviços de luthieria, acabam fazendo os mesmos questionamentos. Nesse texto, portanto, resolvi tirar uma dúvida recorrente a respeito da troca de encordoamento.

Com que frequência devo trocar as cordas? 

Depende de alguns fatores. Para quem usa o instrumento profissionalmente, infelizmente não há outra escolha a não ser trocar as cordas com mais frequência, principalmente em gravações, pois o encordoamento com o passar do tempo perde o brilho sonoro (que pode durar dias e até uma semana, dependendo da acidez do suor). Algumas marcas desenvolveram encordoamento com uma durabilidade maior, e indico aos meus clientes por conta da economia ao longo prazo. Quando as cordas enferrujam, a parte que fica em contato com os trastes se transforma numa lima, deformando os trastes, criando cavidades que vão aumentar durante o uso, chegando a um nível que, se não for feita a manutenção correta com um luthier, será necessário a troca dos trastes.



Para muitos parece um procedimento simples, mas acredite, mesmo com um profissional habilidoso e cuidadoso, a escala sempre sofrerá pequenas deformações. É uma “cirurgia" muito invasiva, além de cara, então evite chegar nesse nível de desgaste do traste e troque regularmente as cordas, preferencialmente todo mês. 

Como identificar o momento certo para trocar o encordoamento

Ao passar o dedo na corda na parte onde faz o contato com os trastes (imagem abaixo), caso esteja enferrujado, você vai sentir como se estivesse passando o dedo em uma lima ou numa linha com cerol. Quando chega nesse estágio, a corda vai agredir os trastes, criando cavidades como vimos nas imagens anteriores. Infelizmente nesse caso não há outra escolha a não ser a troca do encordoamento. 

Uma dica é comprar o mesmo calibre e marca, pois, dessa forma, ao trocar o encordoamento você não prejudica a regulagem, e sempre troque uma por uma (troque a Mi, afine, troque a Lá, afine e assim por diante).


Existe um procedimento que ajuda a prolongar um pouco mais a vida útil do encordoamento, antes que chegue nesse estágio “terminal”. Primeiro é fazer a limpeza do suor que fica nas cordas depois de tocar. Os bordões, pela forma que são fabricados, estão sujeitas a absorver mais sujeiras, portanto é necessária uma atenção maior com eles. O primeiro passo é usar uma flanela seca (imagem abaixo), passando por baixo da corda.



Depois vamos “enrolar” na corda (imagem abaixo), e passar a flanela por toda extensão das cordas. 


Após esse procedimento de secar as cordas, você vai repetir-lo, só que dessa vez usando WD40. (Você encontra o WD40 em hipermercados, lojas de construção/mecânica. Use com cuidado e pouco). Dos desengripantes, o WD40 (imagem abaixo) é o meu favorito, pois a viscosidade do óleo é bem fina, não impregna as cordas. Resumindo: passe flanela seca nas cordas, depois repita o procedimento, contudo, dessa vez uma parte da Flanela estará com um pouco de WD40.


Caso você tenha um suor muito ácido, indico usar um encordoamento que tenha uma proteção extra. Certa vez um aluno trouxe um instrumento para fazer a manutenção e quis testar um encordoamento novo, que não tinha a tal proteção extra. No dia da entrega, ele aproveitou para fazer aula de guitarra e no final da aula (uma hora depois), o suor dele era tão ácido que o local onde ele tocou por mais tempo já estava com uma cor escura. Se alguém tivesse me contado eu não acreditaria... encordoamentos normais com ele duram 3 dias, no máximo. Espero que essa dica possa te ajudar a manter a longevidade do seu encordoamento e, como consequência, dos trastes do seu instrumento. 







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